segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Parte 3: Será que Yeshua (Jesus) é a sabedoria descrita em Provérbios 8:22?


"O SENHOR me possuía no início de sua obra, antes de suas obras mais antigas." (Provérbios 8:22) -ARA. 

Muitos estudiosos, erroneamente tem usado esse texto, fora do seu contexto para ensinar que a sabedoria descrita aí é Yeshua (Jesus), só porque em 1Coríntios 1:24 o apóstolo Paulo descreve Yeshua como “o poder e a sabedoria de Deus”. Já outros grupos, que é a minoria, conhecidos como os arianos modernos, que entre os quais, se encontra a Sociedade Torre de Vigia das testemunhas de jeová, de forma tendenciosa, maligna, tem usado o texto de Provérbios 8:22 fora do seu contexto para ensinar falsamente para os seus membros que Yeshua (Jesus) não é o Deus eterno criador de todas as coisas, mas apenas que Yeshua é sabedoria que foi criado por Deus Pai. Neste ponto, talvez esteja se perguntando: Mas qual a fiel interpretação do texto de Provérbios 8?

Para uma interpretação correta do texto de Provérbios 8, precisamos: (1) saber qual foi a real intenção do autor ao escrever o livro de Provérbios (2) saber se o autor do mesmo, quando descreveu a sabedoria no livro de Provérbios estava realmente se referindo a pessoa de Yeshua (Jesus) (3) saber se o autor, quando descreveu a sabedoria em Provérbios 8:22, afirmou realmente que ela foi criada por Deus Pai. Porque, qualquer outra intenção além destas, poderá abrir as portas para um ensino não pretendido pelo inspirado autor de Provérbios. Portanto, essas perguntas serão objeto de nosso estudo.


1- Qual a intenção do autor inspirado ao escrever o livro de Provérbios?

 A resposta se encontra em Provérbios 1:2-5 que diz:
 “para aprender a sabedoria e o ensino; para entender as palavras de inteligência; para obter o ensino do bom proceder, a justiça, o juízo e a equidade; para dar aos simples prudência e aos jovens, conhecimento e bom siso. Ouça o sábio e cresça em prudência; e o instruído adquira habilidade. O temor do YHWH (SENHOR) é o princípio do saber, mas os loucos desprezam a sabedoria e o ensino.” (Provérbios 1:2-5,7)-ARA. (obs.: a palavra “siso” significa senso, juízo).

Neste ponto, conclui-se de forma clara e direta, que a intenção do autor ao escrever o livro de Provérbios foi buscar tratar especificamente no desenvolvimento do caráter do homem para trilhar o caminho da sabedoria, que é mais preciosa do que qualquer material existente no mundo (cf. Provérbios 3:13-15; 8:11), porque, o homem que alcança essa sabedoria, se afastar do mal. Pois, o temor do YHWH (SENHOR) é o princípio da sabedoria (cf. Jó 28:28; Salmos 111:10; Provérbios 19:23).

2- Será que o autor inspirado quando estava descrevendo a sabedoria no livro de Provérbios, ele estava realmente se referindo a pessoa de Yeshua (Jesus)?

A resposta para essa pergunta é não, por quatro motivos: (1) porque Yeshua (Jesus) não é o único dos componentes da divindade (cf. Isaías 9:6; João 1:1; Hebreus 1:2,3,8; Colossenses 2:9; 2Pedro 1:1; Romanos 9:5; Tito 2:13) a ser chamado de sabedoria ou de sábio nas páginas das Escrituras Sagradas (cf. 1Coríntios 1:24,30 compare com Colossenses 3:2), pois na mesma, encontramos o Deus Pai também sendo chamado de sabedoria ou de sábio (cf. Jó 9:4; 12:13; Salmos 104:24; 147:5; Daniel 2:20; Romanos 11:33; 16:25; 1Coríntios 2:7; Efésios 3:10). (2) A sabedoria não é um ser divino, mas Yeshua (Jesus) é divino. Isto é, Yeshua (Jesus) é Deus tanto quanto Deus Pai é (cf. Isaías 9:6; (compare Isaías 40:3 com Mateus 3:1; Marcos 1:2-3; Lucas 3:4; João1:23. Essas são profecias cumpridas na vida do Profeta João Batista, e na vida de Yeshua (Jesus)); João 1:1-3; João 5:23; Filipenses 2:5-7; Colossenses 2:9; Hebreus 1:2,3,8; Tito 2:13; 1João 5:20 etc.). (3) O contexto do livro de Provérbios está focado em enfatizar a importância que a sabedoria tem para o homem (humanidade) que a busca e segue os seus preciosos conselhos para uma vida reta e justa de acordo com a soberana vontade de Deus Pai (cf. Provérbios 1:20-33; 2:4; 3:15-18; 4:5-13; 8:1-21; 9:1-5), encontraste com a mulher insensata adultera que leva a terríveis consequências aqueles que a seguem (cf. Provérbios 2:16-19; 5:1-6,8,20; 6:25; 7:4-23,26,27; 9:13-18). (4) A expressão “sabedoria” traduzido do hebraico חכמה (Chokmah), ocorre em todo livro de Provérbios umas 55 vezes, e, nessas ocorrências, não há uma referência se quer que sege explícita ou implícita sobre Yeshua (Jesus). E mais, se o rei Salomão tivesse realmente descrito a sabedoria com referência a Yeshua (Jesus), ele teria usado os pronomes masculinos e não os pronomes femininos como ocorre de forma muita clara nos capítulos 3:15; 4:6,8; 8:2,11, como “ela”, e com pronome possessivo, de “sua” no capítulo 8:1, "ela está" subentendida em 8:3. E mais ainda, no capítulo 8:22-31, a própria senhora sabedoria descreve o seu estar com Deus Pai, antes e durante a criação do mundo (cf.22-27), e sendo considerada por Ele como primário e indispensável para que a criação viesse a existir, e ela também descreve se alegrando pela existência de tudo que foi criado (cf. 30-31). Está mais do que evidente, que essa sabedoria personificada é uma figura literária e poética que ocorre semelhantemente em outras partes das Escrituras Sagradas, como por exemplo, em Salmos 85:10,11,13 que diz: “Então, o amor e a fidelidade” se encontrarão; a “justiça e a paz” se beijarão. A lealdade germinará da terra, e a perfeita justiça descerá dos céus! A justiça seguirá à sua frente com a finalidade de preparar o caminho para seus passos!”-KJA. Em Isaías 35:1 que diz: “O deserto e a terra ressequida se rejubilarão (alegrarão); o ermo se encherá de felicidade e florescerá como a tulipa.”-KJA. Em Isaías 55:12 que diz: “Haveis de sair com grande alegria e em paz sereis reconduzidos, os montes e colinas irromperão em canto diante de vós, e todas as árvores do campo baterão palmas em uníssono.”-KJA. (Ver também 1 Crônicas 16:33; Jó 9:6; Salmos 96:12; Isaías 52:9 e Apocalipse 3:3). 
Portanto, este tipo de alegoria não devem ser interpretada de forma alguma como literal, pois, “A personificação é uma figura literária e poética que serve para criar atmosfera e para avivar idéias abstratas e objetos inanimados, ao representá-los como se  fossem seres humanos.” Kenneth T. Aitken, Proverbs (Westminster Press, 1986), pág. 85.
A luz destas declarações, conclui-se que o rei Salomão foi inspirado por Deus Pai apenas para descrever a excelsa qualidade e a eternidade da sabedoria dEle (Deus Pai) com um método literário e poético, não para significar Yeshua (Jesus), mas sim uma mulher para representar a sabedoria. Nada mais do que isso. Mas para aqueles que ainda insistem em defender que a sabedoria personificada se refere unicamente e exclusivamente a Yeshua (Jesus), responda a seguinte questão: Se a sabedoria é Yeshua (Jesus), então quem seria a prudência que mora com a sabedoria (cf. Provérbios 8:12)? Se a sabedoria é Yeshua (Jesus), então, quem seria a irmã da sabedoria, e quem seria o entendimento que é amigo íntimo dela (cf. Provérbios 7:4)? Se a sabedoria é Yeshua (Jesus), que casa é essa que Ele construiu sobre sete colunas, e fez banquetes para os seus convidados e possui muitas empregadas (Provérbios 9:1-5)?

3- Será que o autor inspirado realmente afirmou que a sabedoria foi criada por Deus Pai em Provérbios 8:22? 

A maioria dos tradutores antigos e modernos traduziram corretamente o verbo hebraico קנה (qanah) que no texto de Provérbios 8:22 aparece numa forma imperfeita e pronominal קָנָנִי (qanany) com “me possuiu”, como por exemplo, o tradutor da Bíblia Vulgata (Tradução da Bíblia em Latim, escrita entre fins do século IV inicio do século V d.C, por Jerônimo), o tradutor da Bíblia Genebra de 1560-(BG), o tradutor da Bíblia Reina Valera de 1602-(RV), o tradutor da Bíblia “King James” de 1611-(KJ), o tradutor da Bíblia Almeida de 1819-(AR), traduziram o verbo קנה (qanah) como “me possuía”. No entanto, alguns tradutores da Bíblia moderna, como por exemplo, a “Nova Tradução Linguagem de Hoje” de 2000-(NTLH) e a “Nova Versão Internacional” de 2000-(NVI), traduziram o verbo hebraico קנה (qanah) como “criar”, mas o próprio tradutor da NVI em nota de rodapé diz que o mesmo pode ser traduzido como “me possuía”. Os tradutores da versão Septuaginta (LXX) (Antigo Testamento escrito em grego por volta do século III a.C), verteram o verbo hebraico קנה (qanah) de provérbios 8:22, pela palavra grega ἔκτισεν (ektisen) que tem o significado de “tornar habitável”, “fundar uma cidade”, “criar” (2936 Dic. Strong), provavelmente derivado de κταομαι (ktaomai) que tem o significado de “adquirir”, “conseguir”, ou “procurar algo para si mesmo”, “possuir” (2932 Dic. Strong). Os arianos do IV século fizeram um grande alvoroço com esta passagem (Prov. 8:22), considerando a sabedoria como coisa criada, a fim defenderem que essa sabedoria é Yehsua (Jesus) para provar que Ele foi criado, se baseando no texto da Septuaginta (LXX). Mas, essa heresia foi combatida pelos teólogos da época. É importante esclarecer que a escrita original do Antigo Testamento é o hebraico. O hebraico usa o verbo קנה (qanah), este verbo é normalmente traduzido como “comprar”, “possuir”, “adquirir”, obter.


O moderno “Dicionário Nova Concordância Strong exaustiva da Bíblia”, traduz o verbo קנה (qanah) da seguinte maneira: (página 1008).
07069 קנה qanah, uma raiz primitiva; DITAT - 2039; v.
1) obter, adquirir, criar, comprar, possuir
1a) (Qal)
1a1) obter, adquirir, obter
1a1a) referindo-se a Deus que cria e redime o seu povo
1a1a1) possuidor
1a1b) referindo-se a Eva, adquirindo (um varão)
1a1c) referindo-se ao ato de adquirir conhecimento, sabedoria
1a2) comprar
1b) (Nifal) ser comprado
1c) (Hifil) levar a possuir

Apesar do autor do dicionário Strong ter optado em traduzir o verbo hebraico קנה (qanah) pelo termo grego ἔκτισεν (ektisen) por “criar”, este, porém, não é, de forma alguma, tradução comum deste verbo (qanah). Convém lembrar mais uma vez, que a escrita original Antigo Testamento é o hebraico, e este verbo (qanah) tem o sentido predominante de “possessão”. Isto é, de “comprar”, “adquirir”, “obter” e “possuir”. Vejamos alguns textos que apresentam tais traduções:

“Levou-os até à sua terra santa, até ao monte que a sua destra adquiriu קנה (qanah).” (Salmos 78:54)-ARA. (Obs.: O tradutor da Bíblia NVI traduziu este verbo (qanah) como “conquistou”. O tradutor da Bíblia King James traduziu este verbo (qanah) como “domínio”).  

“Ouça o sábio e cresça em prudência; e o instruído adquira קנה (qanah) habilidade” (Proverbios 1:5)-ARA.  (Obs.: O tradutor da Bíblia NVI traduziu este verbo (qanah) como “obterá”. O tradutor da Bíblia King James traduziu este verbo (qanah) como “aumentará”).

 “adquire קנה (qanah) a sabedoria, adquire  קנה (qanah) o entendimento e não te esqueças das palavras da minha boca, nem delas te apartes. O princípio da sabedoria é: Adquire קנה (qanah) a sabedoria; sim, com tudo o que possuis, adquire קנה (qanah) entendimento.” (Provérbios 4:5,7)-ARA. (Obs.: O tradutor da Bíblia NVI traduziu este verbo (qanah) como “obter” no verso 5, e “adquirir” no verso 7. O tradutor da Bíblia King James traduziu este verbo (qanah) como “obter” tanto no verso 5 como no verso 7).

 “O que rejeita a disciplina menospreza a sua alma, porém o que atende à repreensão adquire קנה (qanah) entendimento.” (Provérbios 15:32)-ARA. Obs.: O tradutor da Bíblia NVI traduziu este verbo (qanah) como “obter”. O tradutor da Bíblia King James traduziu este verbo (qanah) como “adquiri”).

Entretanto, a palavra “criar” é tradução comum do verbo hebraico בָּרָא (bara’). O “Dicionário Nova Concordância Strong exaustiva da Bíblia”, traduz o verbo בָּרָא (bara’) da seguinte forma:

01254
 ברא  bara’
uma raiz primitiva; DITAT - 278; v
1) criar, moldar, formar
1a) (Qal) moldar, dar forma a, criar (sempre tendo Deus com sujeito)
1a1) referindo-se ao céu e à terra
1a2) referindo-se ao homem individualmente
1a3) referindo-se a novas condições e circunstâncias
1a4) referindo-se a transformações
1b) (Nifal) ser criado
1b1) referindo-se ao céu e à terra
1b2) referindo-se a nascimento
1b3) referindo-se a algo novo
1b4) referindo-se milagres
1c) (Piel)
1c1) cortar
1c2) recortar
2) ser gordo
2a) (Hifil) engordar

Vejamos alguns textos que traduz o verbo בָּרָא (bara’) como “criar”:

 “No princípio criou [בָּרָא] Deus os céus e a terra.” (Gênesis 1:1)-ARA.

 “Assim Deus criou [בָּרָא] os grandes animais aquáticos e os demais seres vivos que povoam as águas, de acordo com suas espécies; e todas as aves de acordo com suas espécies.” (Gênesis 1:21)-ARA.

Criou [בָּרָא] Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou [בָּרָא]; homem e mulher os criou [בָּרָא].” (Gênesis 1:27)-ARA.

“E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador [בָּרָא], fizera.” (Gênesis 2:3)-ARA.

Conforme foi visto nos textos supracitados, existe uma enorme diferença entre o verbo hebraico קנה (qanah) (que tem o significado comum de “comprar”, “adquirir”, “obter”, “possuir”) e o verbo hebraico בָּרָא (bara’) (que tem o significado comum de “criar”, “moldar”, “formar”). Entretanto, das 84 vezes que o verbo hebraico קנה (qanah) ocorre no Antigo Testamento, pelo seu contexto, apenas seis passagens poderiam ser traduzido como “criar” (Gênesis 14:19,22; Êxodo 15:16; Deuteronômio 32:6; Salmos 74:2; 139:13), e mesmo estas não exigem tal tradução, pois ressaltam fortemente o sentido de “possessão”. Vejamos estes textos abaixo:

“abençoou ele a Abrão e disse: Bendito seja Abrão pelo o Deus Altíssimo, que possui (qanah) os céus e a terra.” “Mas Abrão lhe respondeu: Levanto a mão ao SENHOR [YHWH], o Deus Altíssimo, o que possui (qanah) os céus e a terra”. (Gênesis 14:19,22)-ARA. (Obs.: o tradutor da NVI traduziu este verbo (qanah) como “Criador”, mas em nota de rodapé ele disse que poderia ser traduzido como “Dono”, tanto no verso 19 com no verso 22. O tradutor da Bíblia King James de 1611 traduziu este verbo (qanah) como “possuidor” nos dois versos citados).

“Sobre eles cai espanto e pavor; pela grandeza do teu braço, emudecem com pedra; até que passe o teu povo, ó SENHOR [YHWH], até que passe o povo que adquiriste (qanah).” (Êxodo 15:16)-ARA. (Obs.: o tradutor da NVI traduziu este verbo (qanah) como “compraste”, mas em nota de rodapé ele disse que poderia ser traduzido como “criaste”. O tradutor da Bíblia King James de 1611 traduziu este verbo (qanah) como “comprou”).

“É assim que recompensas ao SENHOR [YHWH], povo louco e ignorante? Não é Ele teu Pai, que te adquiriu (qanah), te fez e te estabeleceu?” (Deuteronômio 32:6)-ARA. (Obs.: o tradutor da NVI traduziu este verbo (qanah) como “Criador”, mas em nota de rodapé ele disse que poderia ser traduzido também como “comprou”. O tradutor da Bíblia King James de 1611 traduziu este verbo (qanah) como “comprou”).

“Lembra-te da tua congregação, que adquiriste (qanah) desde a antiguidade, que remiste para ser a tribo da tua herança; lembra-te do monte Sião, no qual tens habitado.” (Salmos 74:2)-ARA. (Obs.: o tradutor da NVI traduziu este verbo (qanah) como “adquiriste”. O tradutor da Bíblia King James de 1611 traduziu este verbo (qanah) como “comprou”).

“Pois tu formaste (qanah) o meu interior, tu me teceste no seio de minha mãe.” (Salmos 139:13)-ARA. (Obs.: o tradutor da NVI traduziu este verbo (qanah) como “criaste”. O tradutor da King James traduziu este verbo (qanah) como “possui”).

A literatura ugarítica, no entanto, recentemente influenciou a opinião dos estudiosos na direção de “criar” (a despeito de Keret II.4), por causa da frase qnyt ’elm, que C. H. Gordon traduziu como: “criadora dos deuses”. W. A. Irwin, porém (JBL, 1961, págs. 133ss.) indica que tanto esta expressão, como a de Eva em Gn 4:1, dão a entender a maternidade, e não a criação (cf. Dt 32:6); e C. H. Gordon aceitou isto, acrescentando: “Concordo plenamente . . . que Gn 4:1 e Pv 8:22 se referem primariamente ao gerar filhos ou dá-los à luz” (ibid.). Resumindo: esta palavra expressa obter e possuir, em modos que variam segundo o contexto. Os bens se obtêm mediante a compra, os filhos através do nascimento (cf. nossa expressão: “ter” um filho), sabedoria — quanto aos mortais — através da aprendizagem. E o que se diz a respeito da sabedoria de Deus? Dizer que Ele não a tinha no princípio, e que tinha que criá-la ou aprendê-la, é idéia estranha a esta passagem, e absurda. A sabedoria parte dEle; a metáfora mais aproximada é a do nascimento (cf. 24, 25). Possuía, porém, é talvez a palavra mais aproveitável, para a tradução neste ponto (esta é a conclusão tirada por Irwin), - Provérbios Introdução e Comentário de R. Derek Kidner, pág. 77,78, ano de 1980.

É importante esclarecer que em Gênesis 4:1 não aparece o verbo hebraico קנה (qanah) como alegam alguns estudiosos tendenciosos. Na verdade, o que aparece neste texto é o verbo קָנִֵ֥יתִי (qaniti) que tem o significado comum de “alcançar”, “adquirir”, “receber”, “obter”, possivelmente este verbo (qaniti) esteja ligado ao nome de Qayin (Caim), que segundo o dicionarista moderno Strong este nome (Caim) significa “possessão” (07014 קין Qayin). O Dr. Bob Utley afirma que “O nome “Caim” (Qayin, BDB 884 III, KB 1097, e BDB 888-89) é um jogo do som da palavra hebraica “chegado” (qaniti). Ele parece afirmar que Caim era um presente especial com a ajuda de YHWH (possivelmente até mesmo o cumprimento de Gênesis 3.15). (East Texas Baptist University 27 de junho de 1996, pág. 67.

Para maior compreensão, vejamos o texto de Gênesis 4:1 na escrita original em hebraico na versão Stuttgartensia de 1977 (cópia exata do texto massorético), seguido a transliteração, o “ipsis litterise” e a tradução, o “ipsis verbis”, mais literal e fiel: 
   וַתַּהַר           אִשְׁתּוֹ       חַוָּה -אֶת            יָדַע            וְהָאָדָם
  VATAHAR             ISHËTO          ET CHAVÅH        YÅDA          VËHÅÅDÅM
Engravidou    Mulher             Eva      Conheceu     Homem
  :יְהוָה -אֶת        אִישׁ           קָנִיתִי        וַתֹּאמֶר       קַיִן -אֶת        וַתֵּלֶד
ET YHWH:          YSH             QANYTY       VATOMER         ET QAYN       VATELED
YHWH      Homem    Alcancei      Disse          Caim         Teve

Transportando, logicamente para um bom português, temos:

“[O] homem conheceu [a] Eva [sua] mulher [e] [ela] engravidou [e] teve Caim [e] disse: Alcancei [um] homem [do] YHWH.” (Gênesis 4:1). 
            
É importante ressaltar que 99% dos tradutores incluído antigos e modernos das Escrituras Sagradas, traduziram com exatidão o verbo קָנִֵ֥יתִי (qanity) deste texto como “alcançar”, “conseguir”, “receber”, “adquirir”, “obter”. Isto é, com o sentido de “possessão”, nunca por “criar” ou “produzir”. 

Para comprovações, apresentaremos apenas algumas de muitas versões de Bíblias Sagradas abaixo:

“E Adão conheceu Eva sua esposa; E ela concebeu, e descobriu a Caim, e disse: eu recebi [קָנִֵ֥יתִי (qaniti)] um homem do Senhor [YHWH].”(Gên.4:1)-KJV-(King James Version de 1611).

“E conheceo Adam a Eva sua mulher; e ella concebeo e pario a Cain, e disse: Alcancei [קָנִֵ֥יתִי (qaniti)] a o varão de jehovah [YHWH].(Gên. 4:1)-João Ferreira Dàlmeida de 1819.

“Conoció Adán a su mujer Eva, la cual concibió y dio a luz a Caín, y dijo: Por voluntad de Jehová [YHWH] he adquirido [קָנִֵ֥יתִי (qaniti)]  varón. (Gên. 4:1) - Reina Valera de 1960.

Traduzindo: “E conheceu Adão a Eva sua mulher, e ela concebeu e deu à luz a Caim, e disse: pela vontade de jehová [YHWH] adquiri [קָנִֵ֥יתִי (qaniti)] um varão” (Gên. 4:1). - Reina Valera de 1960.

“Coabitou o homem com a Eva, sua mulher. Esta concebeu e deu à luz a Caim; então, disse: Adquiri [קָנִֵ֥יתִי (qaniti)] um varão com auxilio do SENHOR [YHWH].” (Gên. 4:1) - ARA.

 “Adão teve relações com Eva, sua mulher, e ela engravidou e deu à luz Caim. Disse ela: "Com o auxílio do Senhor [YHWH] tive [קָנִֵ֥יתִי (qaniti)] um filho homem.” (Gên. 4:1) - NVI- (Nova Versão Internacional de 2000).

“O homem se relacionou sexualmente com Havah [Eva], sua mulher, ela engravidou, deu à luz Kayin [Caim] [aquisição] e disse: Adquiri [קָנִֵ֥יתִי (qaniti)] um homem da parte de ADONAI [YHWH].” (Gên. 4:1) - Bíblia Judaica Completa de 2010.

“Adão teve relações com Eva, a sua mulher, e ela ficou grávida. Eva deu à luz um filho e disse: Com a ajuda de Deus, o SENHOR [YHWH], tive [קָנִֵ֥יתִי (qaniti)] um filho homem. E ela pôs nele o nome de Caim.”(Gên.4:1) – NTLH - (Nova Tradução Linguagem de Hoje de 2000).

“Adão deitou-se com Eva e ela concebeu e deu à luz um filho a quem deu o nome de Caim, que significa: "Forjado" ou "Adquirido". Pois, como disse ela: Consegui [קָנִֵ֥יתִי (qaniti)] um filho homem com o auxilio do Senhor [YHWH] Deus.” (Gên. 4:1) – NBV - (Nova Bíblia Viva de 1981).

Vimos de forma incontestável que o verbo קָנִֵ֥יתִי (qaniti) só pode ser traduzido no sentido de “possessão”, e nunca, porém, o de “criar” ou “produzir” como alguns supostos tradutores tendenciosos fizeram. Talvez esteja se perguntando: Quem seria o tradutor (ou os tradutores) que representa 1% que traduziu o verbo קָנִֵ֥יתִי (qaniti) deste texto de forma errada? 
Claro que só poderiam ser os intitulados ungidos, “tradutores da Sociedade das testemunhas de jeová”, pois eles foram os únicos que tendenciosamente traduziram o verbo קָנִֵ֥יתִי (qaniti) como “produzir”. A Bíblia criada pela organização das testemunhas de jeová descreve o texto de Gênesis 4:1 da seguinte forma:

“Adão teve então relações com Eva, sua esposa, ela deu à luz Caim e disse: produzi um homem com auxilio de jeová.”(Gênesis 4:1)-TNM-Tradução do Novo Mundo, lançada no Brasil em 1986. 

Ainda, os intitulados tradutores da organização das testemunhas de jeová criaram uma outra versão de Bíblia, conhecida como “Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada”, lançada no Brasil em 2015 (os membros começaram a usar esta versão no mês de Novembro de 2015). Nesta versão os tradutores corrigiram o erro da versão anterior (de 1986) e traduziram corretamente o verbo קָנִֵ֥יתִי (qaniti) por “tive” no sentido de possessão, no entanto, em nota de roda pé, eles para não dar o braço a torcer, continuaram insistir no erro em afirmar que este verbo (qaniti) pode ser traduzido por “produzir”.  É notável que estas versões, por si própria, mostram que esses tradutores não são idôneos para traduzir as Escrituras, porque eles já fazem parte do pressuposto de uma idéia pré-concebida que quer que seja justificada por meio das Escrituras, ainda que estas idéias não comportem na mesma (Escritura). Isto é, eles traduziram o verbo קָנִֵ֥יתִי (qaniti) como “produzir”, não porque é correto, mas apenas para poder se enquadrar aos seus ensinos não escriturística, isto é, não bíblico.

Contudo, ainda devemos nos perguntar: quando o rei Salomão foi inspirado por Deus Pai para descrever a excelência da sabedoria em Provérbios 8:22, afirmou realmente que ela foi criada por Ele? 

Não mesmo! É necessário frisar que os tradutores da versão Septuaginta (LXX) verteu o verbo hebraico קנה (qanah) de Provérbios 8:22 pela palavra grega ἔκτισεν (ektisen) que tem o significado de “tornar habitável”, “fundar uma cidade”, “criar” (2936 Dic. Strong), provavelmente derivado de κταομαι (ktaomai) que tem o significado de “adquirir”, “conseguir”, ou “procurar algo para si mesmo”, “possuir” (2932 Dic. Strong). E, alguns tradutores modernos influenciados por esta versão (Septuaginta) preferiram traduzir esse texto como “me criou” ao invés de “me possuiu” que é a tradução correta do termo grego ἔκτισεν (ektisen). Contudo, os arianos modernos conhecidos como organização das “testemunhas de jeová”, se aproveitando do erro desses tradutores, verteu verbo (qanah) deste texto (Prov. 8:22) como “me produziu”, para ensinar de forma tendenciosa, que Yeshua (Jesus) não é Deus eterno, Criador de todas as coisas, mas que Ele foi o primeiro ser criado ou produzido por um processo misterioso por Deus Pai. Vejamos abaixo como os tradutores da Torre de Vigia das testemunhas de jeová verteram Provérbios 8:22 nas suas duas bíblias mais recentes:

“O próprio jeová me produziu como princípio do seu caminho, a mais antiga das suas realizações de há muito.”(Prov. 8:22) - TNM de 1986. (Obs.: Bíblia das testemunhas de jeová).

“jeová me produziu como o princípio do seu caminho, a primeira das suas realizações”. (Prov.8:22) – TNM de 2015. (Obs.: Bíblia das testemunhas de jeová).

É importante salientar que ainda tem uma terceira bíblia mais antiga das testemunhas de jeová, intitulado como “Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas” de 1967. Esta bíblia de 1967 é a cópia exata da Bíblia King James em inglês de 1611.  E nesta versão de 1967, o verbo hebraico קנה (qanah) de Provérbios 8:22 é traduzido corretamente como “me possuía”. Senão, leiamos:

(v.22) “O Senhor me possuía no início do seu caminho, antes de suas obras antigas. – TNM de 1967. (Bíblia “Tradução do Novo Mundo” das Escrituras Sagradas de 1967 das testemunhas de jeová).

Aproveitando este ponto, a bíblia “Tradução do Novo Mundo” das Escrituras Sagradas de 1967 das testemunhas de jeová, trás também traduzido corretamente as seguintes passagens:

Gênesis 1:2 “E a terra estava sem forma e vazia; e a escuridão estava na face do abismo. E o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”. – TNM de 1967.

João 1:1 “No princípio era a Palavra e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus.” – TNM de 1967.

Hebreus 1:6 “...E todos os anjos de Deus o adorem [Jesus].” – TNM de 1967.

Nesta bíblia - TNM de 1967 as passagens de 2Pedro 1:1; Romanos 9:5; Colossenses 1:15-17; Tito 2:13; 1João 5:20, não tem nenhuma diferença das Bíblias Almeida Revista e Corrigida; Almeida Revista Atualizada; King James Atualizada; Nova Versão Internacional; New American Standard Bíble; Reina Valera de 1602 etc... 
 
 Nesse ponto, gostaria que os defensores da bíblia “Tradução do Novo Mundo das testemunhas de jeová” respondesse a seguinte pergunta: Porque que seus intitulados ungidos, tradutores, os supostos conhecedores do hebraico, grego e aramaico, abandonaram a sua Bíblia de 1967 pelas novas traduções contestadas e adulteradas, pelos próprios intitulados ungidos da Sociedade Torre de Vigia das testemunhas de jeová, as versões “Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas de 1986, e a “Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada de 2015???

É notável que as versões “Tradução do Novo Mundo de 1986 e de 2015, por si própria, mostram que os tradutores da Torre de vigia das testemunhas de jeová não são idôneos para traduzir as Escrituras, porque eles já fazem parte do pressuposto de uma idéia pré-concebida que quer que seja justificada por meio das Escrituras, ainda que estas idéias não comportem na mesma. Isto é, quando as Escrituras Sagradas não apoiam as suas crenças adulteram para poder se enquadrar aos seus falsos ensinos.

Com referência a passagem de Provérbios 8:22, o douto Bruce Metzger, referindo-se à pretensão dos jeovistas, afirma:

“É um caso flagrante de exegese estrábica abandonar a corrente representação neotestamentária de Jesus Cristo como Ser incriado, e lançar mão de uma interpretação contestada de um versículo do Velho Testamento como se ele fosse a única descrição satisfatória dEle. A metodologia própria é, sem dúvida, começar com o Novo Testamento, buscando neles vislumbres, tipos e profecias cumpridas em Jesus Cristo.” – Jehovah Witnesses and Christ, p. 87.

Além disso, o contexto de Provérbios 8 não permite que o verbo (qanah) seja traduzido por “criar”, pois este tipo de tradução forçaria o texto descrever o improvável, onde que o Deus Pai infinito antes desse momento não era sábio, então teve que criar a sabedoria para se tornar sábio, é idéia irracional, estrambótico e absurda, a esta passagem. Deus Pai não criou a sabedoria. Ele possui a sabedoria desde a eternidade. A sabedoria é tão eterna quanto Deus Pai é (cf. Provérbios 8:22-25; Salmos 90:2; Daniel 2:20). Deus Pai jamais existiu sem sabedoria, a sabedoria jamais existiu sem Deus Pai. A sabedoria é parte da natureza dEle. Ele é totalmente sábio (cf. Jó 12:13; 36:5; Salmos 147:5; Isaías 40:28). Ele é a fonte de sabedoria (Provérbios 2:6; Daniel 2:20; Tiago 1:5). Na verdade, a criação só veio à existência pela sabedoria de Deus Pai, do Deus Filho Yeshua, e do Deus Espirito Santo, pois, se a sabedoria não existisse, jamais poderiam criar e muito menos agir (cf. Gênesis 1:1,2, 26; Provérbios 3:19; 8:22-31; Salmos 90:2). Ainda convém lembrar que o “eu” que está falando ao longo de Provérbios 8:1 é a sabedoria personificada, e não Yeshua (Jesus). Contudo, ainda precisamos nos perguntar: qual a tradução correta do verbo hebraico קנה (qanah) de Provérbios 8:22 – é “possuir” ou “criar”?

A tradução exata do verbo hebraico קנה (qanah) que neste texto aparece numa forma imperfeita e pronominal קָנָנִי (qanany) é “possuir”, no imperfeito, nunca, por “criar”.
A este respeito, o Novo Comentário da Bíblia de F. Davidson, comentando este texto (Provérbio 8:22) afirma:

Possuiu, tradução dada pelas versões em português, significaria que desde o princípio a sabedoria de Deus estava com Deus: Deus é chamado de o Possuidor (raiz qânâh) dos céus e da Terra, em Gênesis 14:19 e 22 . (...) a referência aqui não é que a Sabedoria foi o primeiro ser criado, pois a sabedoria de Deus certamente é inseparável dEle; pelo contrário, devemos entender por isso que a Sabedoria estava com Ele desde toda a eternidade.” – Novo Comentário Bíblico de F. Davidson, 1963, Editora Vida Nova.

O comentarista Albert Barney, comentando Provérbios 8:22 afirma:

Possuído - A palavra adquiriu uma proeminência especial em conexão com a controvérsia ariana. O significado que ele geralmente suporta é o de "obter" Gênesis 4:1, "comprar" Gênesis 47:22, "possuir" Jeremias 32:15. Nesse sentido, um dos nomes divinos mais antigos era o de "Possa do céu e da terra" Gênesis 14:19, Gênesis 14:22. Mas a idéia de "envolver" ou "possuir", como um ato divino em relação ao universo, a idéia de criação e, portanto, em uma ou duas passagens, a palavra pode ser renderizada, embora não com precisão, por "criado" (Por exemplo, Salmo 139: 13 ). Pareceria, portanto, como se os tradutores gregos do Antigo Testamento fossem entre os dois significados; E nesta passagem encontramos as várias renderizações ἔκτισε ektise "criadas" (Septuaginta) e ἐκτήσατο ektēsato "possuído" (Aquila). O texto com a palavra anterior naturalmente se tornou um dos argumentos conservados pelos arianos contra a eterna coexistência do Filho, e a outra tradução foi tão veementemente defendida pelos pais ortodoxos. Atanásio recebendo ἔκτισεν ektisen, tomou o sentido de nomear e viu na Septuaginta uma declaração de que o Pai fez do Filho o "chefe", a "cabeça", o "soberano", sobre toda a criação. Não há, de fato, qualquer motivo para o pensamento da criação, quer no sentido da raiz, Ou no uso geral da palavra. O que quer dizer nesta passagem é que não podemos pensar em Deus como sempre tendo sido sem Sabedoria. Ela é "como o início de Seus caminhos".

No versículo 23, aparece o verbo נסך (nacak), que neste texto aparece numa forma perfeita e pronominal נִסַּכְתִּי (NISAKHËTY) que alguns tradutores verteram por “eu fui ordenado” – Vulgata do final do século IV início do século V d.C. “Eternamente eu tinha o principado” – Reina Valera de 1602. “fui ungida” – Almeida Clássica de 1819; “fui constituída” – Sancta Bíblia (padre Figueiredo) de 1821; “Eu existo desde a eternidade” – BV de 1981; “fui estabelecida” – ARA de 1993; “fui formada” – NVI de 2000. Os melhores léxicos hebraicos vertem este verbo (nacak) por : (1) "derramar", (2) "fazer libações",  (3) "instalar", (4) "tecer', (5) "ungir". Por exemplo, o “Dicionário Nova Concordância Strong exaustiva da Bíblia”, verte da seguinte forma:

05258 נסך  nacak
uma raiz primitiva; DITAT - 1375,1377; v
1) derramar, entornar, oferecer, moldar
1a) (Qal)
1a1) derramar
1a2) fundir imagens de metal
1a3) ungir (um rei)
1b) (Nifal) ser ungido
1c) (Piel) derramar (como libação)
1d) (Hifil) derramar libações
1e) (Hofal) ser derramado
2) estabelecer, instalar
2a) (Qal) instalar
2b) (Nifal) ser instalado

A respeito do versículo 23, o Novo Comentário Bíblico de F. Davidson comenta: "Ungida pode referir-se à nomeação da Sabedoria, por Deus, para Sua tarefa. Essa palavra é usada no sentido de consagrar... A sabedoria precedeu todos os seres criados e até mesmo as profundezas primevas (v.24). Mas isso ainda não é tudo. A sabedoria não só esteve presente na criação, mas serviu de medianeira na mestra". Também o doutor F. C. Barney, afirma: “Fui formado - Em vez disso, “eu fui ungido” (compare a margem do Salmo 2:6; 2Crônicas 28:15). A imagem é a da Sabedoria ungida, como em seu nascimento, com "o óleo da alegria”.

Assim, não há dúvida que o verbo נסך (nacak) do versículo 23 pode ser traduzido corretamente por “ungir”; “ordenar”; “constituir”; “estabelecer” até mesmo por “principado” como a versão Reina Valera de 1602 traduziu. Estas traduções têm o sentido de nomeação de cargo da sabedoria personificada.

O termo traduzido por “gerada” nos versículos 24 e 25 vem do verbo hebraico חול (chuwl) ou חיל (chiyl) e pode significar “ser trazido à luz”, especialmente na literatura poética (cf. Jó 15:7; 39:1; Salmos 29:9; 51:5; 55:4; 90:2; Isaías 23:4; 66:7,8; Miquéias 4:10), estando também relacionado a contorcer-se nas dores de parto. O “Dicionário Nova Concordância Strong exaustiva da Bíblia”, verte este verbo da seguinte forma:

02342 חול chuwl ou חיל chiyl
uma raiz primitiva; DITAT - 623; v
1) torcer, girar, dançar, contorcer-se, temer, tremer, trabalhar, estar em angústia, estar com dor
1a) (Qal)
1a1) dançar
1a2) torcer, contorcer
1a3) girar, girar em volta
1b) (Polel)
1b1) dançar
1b2) contorcer-se (em trabalho com), suportar, dar à luz
1b3) esperar ansiosamente
1c) (Pulal)

Assim, palavra hebraica חוֹלָלְתִּי (cholålëty) descrito nos versículos 24 e 25 (verbo חול chuwl ou חיל chiyl) podem ser traduzidas corretamente por “fui gerada”, “fui trazida a luz”, “eu nasci”, porém, estas palavras não devem ser entendidas como um nascimento literal, pelo fato de que a sabedoria é incriado. Isto é, ela tão eterna quanto Deus Pai é.  (Salmos 90:2; Daniel 2:20). É notável que todo o texto Provérbios 8 é uma espécie de linguagem literária e poética. Por exemplo, no versículo 22 diz que “Deus Pai possuiu a sabedoria como o princípio de seus caminhos”. Mas Deus Pai não tem princípio e muito menos os seus caminhos. A proposito, o comentarista Charles G. Martin, na obra de F. F. Bruce, comentando Provérbios 8:22 afirma: “A ênfase, como aqui, está no fato de que a sabedoria pertence ao SENHOR, não em quando e como veio a pertencer a ele. A primazia da sabedoria em relação à criação (quando ainda não [...] quando não [...] antes de [...] ainda não) põe o universo numa nova perspectiva.” - Comentário NVI, página 917, Editora Vida.

De fato, a sabedoria é como o início dos caminhos Deus Pai, sem princípio e sem fim (Salmos 90:2; Provérbios 8:22; Daniel 2:20). É importante notar que nenhum dos versículos dessa passagem (Provérbios 8) é citado no Novo Testamento.

Para maior compreensão, vejamos o texto de Provérbios 8:22-25 na escrita original em hebraico na versão Stuttgartensia de 1977 (cópia exata do texto  massorético), seguido a transliteração, o “ipsis litterise” e a tradução, o “ipsis verbis”, mais literal e fiel:

(v.22): :מֵאָז      מִפְעָלָיו          קֶדֶם           דַּרְכּוֹ         רֵאשִׁית           קָנָנִי         יְהוָה
           MEÅZ:          MIFËÅLÅYV         QEDEM               DARËKO            RESHYT            QANANY       YHWH
  Desde então    Obras     Antiguidades   Caminhos    Princípio      Possui    YHWH
(v.23): :רֶץאָ               -מִקַּדְמֵי           מֵרֹאשׁ           נִסַּכְתִּי          מֵעוֹלָם
           ÅRETS:         MIQADËMEY        MEROSH          NISAKHËTY               MEOLÅM
        Terra        Antiguidade      Princípio        Ungida      Desde tempos imemoriais
(v.24): :מָיִם      -נִכְבַּדֵּי       מַעְיָנוֹת       בְּאֵין      חוֹלָלְתִּי       תְּהֹמוֹת         -בְּאֵין 
          MÅYM:        NIKHËBADEY     MAËYÅNOT     BËEYN     CHOLÅLËTY     TËHOMOT      BËEYN
            Águas     Carregados      Fonte        Ainda     Gerada       Abismo   Ainda
 (v.25): :חוֹלָלְתִּי      גְבָעוֹת          לִפְנֵי       הָטְבָּעוּ          הָרִים            בְּטֶרֶם 
          CHOLÅLËTY:          GËVÅOT            LIFËNEY        HÅTËBÅU         HÅRYM         BËTEREM
        Gerada         Colinas     Firmados   Fossem     Montes     Antes

Transportando, logicamente para um bom português, temos:

(v.22): YHWH [me] possuiu [no] princípio [de] [seus] caminhos, desde [suas] obras [mais] antigas.
(v.23): Desde [a] eternidade [fui] constituída, desde [o] princípio, [desde] antiguidade [da] terra.
(v.24): Ainda [quando] [não] [existia] abismos, ainda [quando] [não] [existia] fontes carregadas [de] águas, [eu] [fui] gerada.
(v.25): Antes [que] [os] montes fossem formados, [antes] [das] colinas [existirem], [eu] [fui] gerada.

(Observação importante: As palavras que se encontram entre colchetes no texto traduzido acima, não constam nos manuscritos em hebraico. No entanto, estas palavras entre colchetes, foram inseridas apenas para complementar o sentido do texto, com boa gramática e estilo do bom português. Nada mais do que isso).

Vejamos também como as melhores traduções de Bíblia Sagradas antigas e modernas traduziram Provérbios 8:22-25:

“(v.22) Iehova me posleyò en el principio de fu camino, defde entonces antes de fus obras. (v.23) Eternalmente tuve el principado, defde principio, antes de la tierra. (v.24) Antes los abifmos fué engendráda; ántes que fueften las fuentes de las muchas aguas. (v25) Antes que los montes fueften fundados: antes de los collados yo era engendrada.” - RV - Reina Valera de 1602.

Tradução: (v.22) “Iehova me possui no princípio de seu caminho, desde então, antes de suas obras. (v.23) Eternamente eu tinha o principado, desde o principio, antes da terra. (v.24) Antes dos abismos fui gerada; antes das fontes carregadas de águas. (v.25) Antes que os montes fossem fundados: antes dos outeiros eu era gerada.” - RV - Reina Valera de 1602.

(v.22) “The Lord possessed me in the beginning of his way, before his works of old. (v.23) I was set vp from euerlasting, from the beginning, or euer the earth was. (v.24) When there were no depthes, I was brought forth: when there were no fountaines abounding with water. (v.25) Before the mountaines were setled: before the hilles, was I brought foorth:” - KJV -King James Version de 1611. (Obs.: a Bíblia Genebra foi à primeira versão inglesa lançada no ano de 1560. Está Bíblia Genebra é semelhante à tradução da King James de 1611).

Tradução: (v.22) “O Senhor me possuía no início do seu caminho, antes de suas obras antigas. (v.23) Desde a eternidade fui formada, desde o princípio, desde a antiguidade da Terra. (v.24) Quando não havia profundidades, fui levado à luz; Quando não havia fontes abundantes com água. (v.25) Antes que as montanhas estivessem instaladas, antes das colinas eu era dada à luz:” - KJV - King James Version de 1611.

(v.22) “JEHOVAH me possuío no principio de seus caminhos: desd’então, e antes de suas obras. (v.23): Desda eternidade fui ungida, desdo principio, desdas antiguidades da terra. (v.24): Quando ainda não avia abismos, foi gerada: quando ainda não avia fontes carregadas de agoas. (v25): Antes que os montes fossem affirmados: antes dos outeiros, eu era gerada.” – João Ferreira D’almeida de 1819.

(v.22) “O Senhor me possuio no princípio de seus caminhos, des do principio antes que creasse cousa alguma. (v23): Des da eternidade fui constituída, e des do princípio, antes da terra ser creada. (v.24): Ainda não havia os abysmos, e eu estava já concebida: ainda as fontes das aguas não tinhão arrebentado: (v.25): Ainda se não tinhão assentado os montes sobre a sua pesada massa: antes d’haver outeiros, eu era dada a luz.” - A Sancta Bíblia do Padre Figueiredo de 1821, segundo a Vulgata do Jerônimo entre fins do século IV início do século V.

(v.22) “The Lord possessed me at the beginning of His way, Before His works of old. (v.23) “From everlasting I was established, From the beginning, from the earliest times of the earth. (v.24) “When there were no depths I was brought forth, When there were no springs abounding with water. (v.25) “Before the mountains were settled, Before the hills I was brought forth; - NASB - New American Standard Bíble (Nova Bíblia Padrão Americana) de 1977.

Tradução: (v.22) "O Senhor me possuía no início do seu caminho, antes de Suas obras mais antigas. (v.23) Desde a eternidade eu fui estabelecido, desde o princípio, antes de existir a terra. (v.24) Quando não havia profundidades, eu estava concebida, Quando não havia fontes abundantes com águas. (v.25) Antes que as montanhas estivessem instaladas, Antes das colinas eu estava dada à luz;” – NASB - New American Standard Bíble (Nova Bíblia Padrão Americana) de 1977.

 (v.22) “Eu estava junto com o Senhor quando Ele criou o universo. Já existia antes da criação do mundo. (v.23) Eu existo desde a eternidade, desde o princípio do tempo, antes de haver terra. (v.24) Sim, eu já existia antes da criação dos mares e oceanos, antes que as fontes e nascentes brotassem da terra. (v.25) As grandes montanhas e colinas ainda não tinham sido formadas e eu já existia”. - BV - Bíblia Viva de 1981.

(v22) “O SENHOR me possuiu no princípio de seus caminhos, desde então, e antes de suas obras. (v.23) Desde a eternidade fui ungida, desde o princípio, antes do começo da terra. (v.24) Quando ainda não havia abismos, fui gerada, quando ainda não havia fontes carregadas de águas. (v.25) Antes que os montes se houvessem assentado, antes dos outeiros, eu fui gerada”. - ACF - Almeida Corrigida Fiel de 1994.

(v.22) “O SENHOR me possuía como o princípio de seu caminho, antes das suas obras mais antigas; (v.23) fui formada desde a eternidade, desde o princípio, antes de existir a terra. (v.24) Nasci quando ainda não havia abismos, quando não existiam fontes de águas; (v.25) antes de serem estabelecidos os montes e de existirem colinas eu nasci.” – NVI – Nova Versão Internacional de 2000.  
Nesse texto precisamos fazer um importante esclarecimento, pois o tradutor da NVI traduziu esse versículo 22 como “me criou”, mas em nota de roda pé ele disse que este versículo 22 poder ser traduzido como “me possuía”. Assim, preferimos usar a segunda opção da NVI como “me possuía” porque é a tradução mais exata do verbo hebraico קנה (qanah), e porque está em total harmonia com o contexto e com toda Escritura Sagrada. A proposito, o próprio comentarista Bruce F.F. da Bíblia NVI comenta: "v. 22. O Senhor me criou-, segue a LXX [Septuaginta]; “me possuía” (leitura alternativa da NVI) segue a Vulgata. O hebraico (qãnãh como em 4.7) geralmente significa “adquirir” como em uma compra (Js 24.32), e daí o que é adquirido está na lista das posses da pessoa. Ocasionalmente a aquisição ocorre por meio do nascimento (Gn 4.1) ou por meio da criação (subentendida) (Gn 14.19). A ênfase, como aqui [Provérbios 8:22], está no fato de que a sabedoria pertence ao Senhor, não em quando e como veio a pertencer a ele. A primazia da sabedoria em relação à criação (quando ainda não [...] quando não [...] antes de [...] ainda não) põe o Universo em uma nova perspectiva. - Comentário NVI, página 917, Editora Vida).

(v.22) “O SENHOR me possuía no início de sua obra, antes de suas obras mais antigas. (v.23) Desde a eternidade fui estabelecida, desde o princípio, antes do começo da terra. (v24) Antes de haver abismos, eu nasci, e antes ainda de haver fontes carregadas de águas. (v.25) Antes que os montes fossem firmados, antes de haver outeiros, eu nasci.” - ARA - Almeida Revista Atualizada de 2009.

 (v.22) “O SENHOR me possui como fundamento do seu Caminho, antes mesmo do princípio das suas obras mais antigas; (v23) fui formada desde a eternidade, desde a origem de tudo, antes de existir a terra. (v.24) Nasci quando ainda nem havia abismos, quando não existiam fontes carregadas de água; (v.25) antes de serem estabelecidos os montes e de se formarem as colinas, eu já existia”. - KJA - King James Atualizada de 2011.

Conclusão:

Pela observação dos aspectos analisados, conclui-se que a tradução exata do verbo hebraico קנה (qanah) que aparece em Provérbios 8:22 na forma imperfeita e pronominal קָנָנִי (qanany) é “me possuía”, e nunca, por “me criou”. Entretanto, se faz necessário frisar que a tradução “criar” é proveniente do verbo hebraico בָּרָא (bara) que aparece em Gênesis 1:1,21,27, mas, este verbo (bara), no entanto, não aparece em Provérbios 8:22. Logo, o erro não está na Versão Septuaginta (LXX) que verteu o verbo hebraico  קנה (qanah) pelo termo grego ἔκτισεν (ektisen), mas está nos tradutores modernos que por conveniência, preferiram traduzir o texto de Provérbios 8:22 como “me criou” ao invés de “me possuía” como única opção de tradução da palavra grega ἔκτισεν (ektisen). Isto é, todas as versões de Bíblias modernas que traduzem este texto (Prov. 8:22) como “me criou”, cometeram um grave erro de tradução e de interpretação, uma vez, que a sabedoria é tão eterna quanto os princípios dos caminhos de Deus Pai, o que de fato, não tem princípio e nem fim, pois ela é parte da própria natureza de Deus Pai. (cf. Salmos 90:2; Provérbios 8:22; Daniel 2:20). Além disso, Deus Pai não inspirou o escritor do livro de Provérbios para explicar a origem da sabedoria, nem como e quando ela veio pertencer a Ele, e muito menos para falar de Cristo, mas tão somente, para descrever a excelsa qualidade e a eternidade da sabedoria, e a importância que ela tem tanto para o homem como para o Deus Pai, usando um método literário e poético, não para significar Yeshua (Jesus), mas sim uma mulher para representar a sabedoria (cf. Prov. 3:15; 4:6,8; 8:2,11). Em suma, o livro de Provérbios não faz nenhuma referência explícita ou implícita sobre Yeshua, isso porque, o livro Provérbios não é cristológico, embora muitos o tenham usado para exaltar a eternidade de Cristo. Sendo assim, a decisão correta que todos os estudiosos das Escrituras Sagradas deveriam seguir é não identificar tipos Cristo onde os textos alegóricos não indicam, pelo menos de modo indireto, que é caso do livro de Provérbios, pois dessa forma, evitariam certos tipos de interpretação que poderiam conduzir a conclusões incorretas do que realmente o autor sagrado pretendia transmitir para o leitor. Mas para aqueles, que conscientemente, ainda insiste em negar absoluta divindade Yeshua (Jesus), isto é, afirma falsamente que Yeshua (Jesus) não é Deus eterno, Criador de todas as coisas, inclusive o tempo e o espaço, saiba que, não estão apenas deturpando o verdadeiro ensino das inspiradas Escrituras Sagradas, mas também, estão chamando o Deus Pai, que é Autor da mesma, de mentiroso (cf. Números 23:19; 2Pedro 1:20-21), e também ainda estão correndo grande risco de perder a vida eterna se não se arrependerem em vida (cf. João 8:23-24; 2Corintios 6:2; Hebreus 3:7-8), pois, para alcançar a vida eterna, tem que crer e invocar o nome de Yeshua (Jesus), o Salvador do mundo, o Deus verdadeiro, Criador do universo (Atos 4:11-12; 16:30-31; João 11:25,26; Romanos 10:11-14; João 4:39-42; 1João 5:20; João 1:1-3; Colossenses 1:15-17; Hebreus 1:2-3). 

UM LIGEIRO ESTUDO SOBRE O VERDADEIRO NOME DE DEUS PAI

Qual é a pronuncia correta do Tetragrama do nome de Deus Pai?
A escrita original do nome de Deus Pai no hebraico é יהוה (a pronuncia destas consoantes é: Hé, Waw, Hé, Yud). A transliteração fiel deste nome sagrado para o português é YHWH. Ele ocorre nas Escrituras hebraicas (Antigo Testamento) no total de 6.823 vezes, este nome sagrado é chamado pelos especialistas em hebraico de “Tetragrama” por conter apenas quatro consoantes (YHWH). No entanto, os tradutores das versões de Bíblias que foram apresentadas acima, traduziu equivocamente o nome hebraico יהוה de Deus Pai pela palavra híbrida “Jehovah” (em português “Jeová”). Isto aconteceu, porque não compreenderam o que os Massoretas tinham feito no passado, (os quais acrescentaram no texto hebraico que é puramente consonantal, sinais vocálicos, constituídos de pontos e traços, que são colocados acima, abaixo e até mesmo ao lado das consoantes que eles criaram, conhecido como vogais), acabaram pronunciando o Tetragrama YHWH com as vogais “a-o-a” do Adonay (que é um dos vários nomes inspirados que Deus Pai possui para se identifica com seu povo, o qual está registrado nas páginas das Escrituras Sagradas), que deu origem a palavra híbrida YaHoWaH, não inspirado por Deus Pai, como sendo o próprio do nome de Deus Pai, que resultou nas fabricações de várias outras palavras hibridas e modernas que também não foram inspiradas por Deus Pai, mas sim, pelos homens, que são: “Yahweh”, “Yehowah”, “Yah”, “Yaohu”, “Iavé”, “Ieová”, “Javé”, “Jah”, “Jahowah”, “Jehovah”, “Jeová”. Entretanto, a real intenção dos Massoretas ao colocar as vogais do ADONAI (a-o-a) no Tetragrama YHWH (YaHoWaH), era apenas para lembrar aos leitores de que deveriam pronunciar “ADONAI” (significa SOBERANO, MEU SENHOR), quando se deparasse com o nome sagrado “YHWH” de Deus Pai como vinha sendo praticado pelo povo de Israel primitivo em ato de reverência. Além disso, a escrita original hebraica, além de não existir vogais, também não existe a letras “J” e nem a letra “V”. As letras “J” e “V” foram criadas e divulgadas por volta do século XVI d.C. (1515 d.C) pela obra do filosofo e humanista francês “Pierre de la Ramée”, que teve a preocupação de fazer a distinção entre o vogal “i” (de igreja) e do consoante “j” (de igreja) para facilitar a compreensão da leitura e a interpretação dos textos. E foi por causa de “Pierre” que temos hoje em nosso alfabeto a letra “J” (Jarro) na décima posição e a letra “V” no vigésimo segundo posição.

A este respeito, algumas de várias obras respeitadas de especialista em línguas semitas afirmam:
•        “A forma JEOVÁ (YEHOVAH), que só apareceu a partir de 1518 [século XVI d.C], não é recomendável por ser híbrida, isto é, consta da mistura das consoantes de YHWH (NOME DO ETERNO) com as vogais de ADONAI (SENHOR).” (Dicionário da Bíblia de Almeida p.146).

•        O Jerome Biblical Commentary chama "Jeová" de um "NÃO-NOME" (77.11).

•   "Dos nomes de Deus no Velho Testamento, o que ocorre mais frequentemente (6.823 vezes) é o assim chamado Tetragrama, YHWH (a mão), o nome distintivo e pessoal do Deus de Israel. Esse nome é comumente representado em traduções modernas pela forma "Jeová" que, no entanto, é uma impossibilidade filológica (ver JEOVÁ). Essa forma surgiu mediante tentativa de pronunciar as consoantes do nome com as vogais de Adonai (a mão: 'Senhor'), que os Massoretas inseriram no texto, indicando com isso que Adonai deveria ser lido (como um 'keri perpetuum') em lugar de YHWH" - The Jewish Encyclopedia, Vol. 9, pág. 160, art. "Names of God".

•        “O mais antigo exemplo que se conhece do emprego da palavra Jeová é do ano 1.518  d.C. [século XVI d.C].  É originada da má compreensão de um termo hebraico cujas consoante são YHWH.” - Dr. João Batista Ribeiro, Pr. Mestre em Ciência da Religião e professor de hebraico bíblico, pela Universidade Metodista de São Paulo. Dicionário Bíblico, pág. 241. Foi dito o suficiente.

•        “Este nome é agora pronunciado Javé [Yahweh] pelos estudiosos: a verdadeira pronuncia do nome perdeu-se durante o judaísmo, quando um medo supersticioso no nome evitava ser enunciado. Em seu lugar, era lido Adonay. “SENHOR”: a combinação, na escrita das consoantes YHWH e as vogais, a-o-a criaram um HIBRIDO JEOVÁ.” - Dicionário Bíblico de Jhon L. Mackenzier, página 231. (obs.: entre o colchete acrescentado).

•        “Leitura falsa do hebraico, Jahweh.” - Dicionário Colegial Webster.

•        “Jeová, nome do Deus do povo hebreu, conforme erroneamente transliterado do texto massorético hebraico... Os tradutores do hebraico, não percebendo o que os escribas tinham feito, leram a palavra do modo como foi escrita, considerando os sinais vocálicos como intrínsecos ao nome de seu Deus, ao invés de um mero lembrete para não pronunciá-lo.” - Enciclopédia Encarta (1999).

•        "Erro de pronúncia do tetragrama. Ou palavra de quatro letras do nome de Deus. Composta pelas letras hebraicas (יהוה) Yod- He- Waw- He. A palavra Jehovah [Jeová], portanto, não faz sentido em hebraico’’. - The Universal Jewish Enciclopédia. (A Enciclopédia Judaica Universal). 

Para mais comprovações, vejamos alguns dos bons dicionários e enciclopédias que revelam a origem da letra “J” (jota):

•        (Enciclopédia Delta  Universal. Vol. 8, P.4505):
    "Mas como foi que esse i se tornou j? Foi através do latim, que deu origem às línguas neolatinas, entre as quais está o português. No latim posterior à Idade Média começou a aparecer na escrita a distinção que já existia na pronúncia entre o i vogal e o i consoante, o qual passou a ser grafado j. Por isso, ao abrir o Dicionário Latim-Português, de Santos Saraiva, você vai encontrar um verbete que começa assim: Iesus ou Jesus; e este outro: Ieremias ou Jeremias; e outros semelhantes." (Sociedade Bíblica do Brasil).

•        A Random House Dicionário da Língua Inglês:
     "A J é a décima letra do alfabeto Inglês e foi desenvolvido como uma variante da letra I em latim medieval; exceto para a preferência de J como uma letra inicial, ambas foram utilizadas indiferentemente, tanto serviu para representar a vogal ( i ) e consoante ( e ). Mais tarde, através de uma determinação que veio a ser distinguido como um sinal separado, adquirir seu atual valor fonético sob a influência da língua francesa ".

•        Funk e Wagnalls Encyclopedia (edição 1979), Volume 14, pg. 94:
     "A J é a décima letra e sétima consoantes no alfabeto Inglês. Esta é a última letra que foi adicionado às escrituras inglês e foi inserido no alfabeto depois i, onde começou o seu desenvolvimento, bem como o V e W seguir a L , a letra de onde estes vieram. Em essência, o J era uma mera variação i. A J apareceu pela primeira vez no tempo dos romanos, quando foi por vezes utilizado para indicar o i vogal longa som, mas muitas vezes isso é usado de forma intercambiável com o eu . Os romanos pronunciada do que em uma poucas palavras, como se fosse uma vogal como iter , e como um semi - vogal em outros, por exemplo: iuvenis , soletrado atualmente Juvenis. No entanto, a única diferença foi o uso ocasional soletrar dupla i para o som e por exemplo, em maiior atualmente soletrado maior. Na Idade Média, a forma alongada da ( j ) foi usado como um dispositivo decorativo, muitas vezes como séries iniciais e números; em velhos manuscritos franceses indicar o numeral 4 com as letras correspondentes iiij. O uso da letra J como uma inicial, levou , finalmente, a sua especializada para indicar dois sons usar o velho som semivogal e , encontrado no alemão e o novo som da consoante palatal (z) e (dz) encontrado em Francês, Espanhol e Inglês. Não foi até a meados do século 17 que a sua utilização tornou-se universal em livros de Inglês; na Bíblia King James versão 1611, por exemplo, as palavras de Jesus e julgar são invariavelmente Iesus e iudge . Muito tempo depois da invenção da imprensa, a J tornou-se apenas uma mera variação caligráfico i (que em latim poderia ser uma vogal ou semi - vogal) e J , ficou restrito apenas uma função consoante."

Nesse ponto, talvez esteja se perguntando: Na minha Bíblia não existe escrito à palavra híbrida Jeová, mas no lugar tem o nome Senhor escrito toda em maiúscula (SENHOR) substituindo o nome sagrado YHWH de Deus Pai, por quê?

Bem, o nome SENHOR escrito todo em maiúsculo que aparece na maioria das Bíblias Sagradas, não é tradução do nome sagrado YHWH de Deus Pai. Este nome SENHOR, que é um dos vários nomes inspirado que Deus Pai possui para se identificar com seu povo, é, no entanto, usado pela maioria dos tradutores das Escrituras Sagradas para substituir o nome sagrado YHWH de Deus Pai porque nenhum especialista em hebraico sabe impronunciá-lo. Além disso, muito antes do século VI d.C, em que os Massoretas inseriram as vogais nos textos consonantais das Escrituras hebraica (Antigo Testamento), até o século XXI d.C, o qual estamos vivendo, já se passaram mais de 1500 anos, e nenhum dos tradutores e estudiosos antigos e modernos das Escrituras Sagradas, jamais soube e jamais saberá qual a pronúncia original do Tetragrama (YHWH) do nome do eterno Pai. Isto é, se os Massoretas do século VI d.C, que estavam mais próximo da época em que se pronunciava o nome sagrado YHWH de Deus Pai não souberam, imagina os tradutores e os estudiosos do pleno século XXI? Por certo, só iremos descobrir realmente a pronuncia do nome sagrado YHWH de Deus Pai, quando encontrarmos com Ele em Seu Reino Celestial, e Ele pessoalmente nos irá dizer. 

Conclusão:

Portanto, a decisão mais coerente que todos os tradutores e estudiosos deveriam seguir, seria manter o nome sagrado “YHWH” de Deus Pai no lugar original do texto das Escrituras Sagradas, e no roda pé explicar para o leitor o porquê que o Tetragrama YHWH do nome de Deus Pai é impronunciável, e explicar também que eles poderiam usar vários outros nomes inspirados que Deus Pai possui nas Escrituras Sagradas para se comunicar com Ele em oração, pois só desta maneira que se evitaria criar os indevidos apelidos estrambóticos para Deus Pai, que sem dúvida é um pecado.

Por Antony Cleriston

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